A Drenagem Anômala Total das Veias Pulmonares é uma condição na qual as veias que voltam do pulmão para o coração, com sangue oxigenado, estão conectadas com o lado direito ao invés de chegar ao átrio esquerdo.
Dessa forma, o sangue oxigenado chega juntamente com o sangue que retorna do corpo, com baixa oxigenação, sobrecarregando o coração, que terá que bombear mais sangue, já que o limpo e o sujo se misturam nessa patologia.
Ainda há mais um problema: tanto o sangue que chega do pulmão quanto o sangue que chega do corpo se derramam do lado direito do coração, fazendo com que o lado esquerdo, que deveria bombear sangue para o corpo, fique sem sangue para bombear. Isso só não acontece quando a abertura que existe no nascimento em todo bebê, ligando o átrio direito ao esquerdo, e que costuma se fechar nos primeiros meses, seja grande o suficiente para permitir que o sangue preencha o átrio esquerdo por pressão.
Bem, sem essa abertura o organismo perecerá, mas na presença de uma comunicação entre os átrios, o sangue passará do átrio direito para o átrio esquerdo, garantindo que o sangue seja mandado para o corpo, porém com menos oxigênio, causando a cianose (roxidão) ou pobreza de oxigenação.
Quando esta comunicação é muito pequena, o sangue não chega do lado esquerdo do coração para ser mandado para o corpo e o bebê apresenta quadro de baixo débito com pressão baixa e cianose. Ainda mais importante é o fato de o fluxo das veias pulmonares chegar ao átrio direito por vários trajetos, podendo passar por cima do coração, por baixo do diafragma ou ao redor da parede posterior do coração. Esses trajetos podem estar estreitados ou bloqueados, fazendo com que o sangue fique parado nos pulmões e que a pressão se acumule, impedindo seu funcionamento normal.
A DATVP é uma anomalia congênita rara, correspondente a aproximadamente 2% de todas as cardiopatias congênitas. Pode se apresentar isolada ou associada a outras cardiopatias.
As crianças com esse defeito apresentam-se com dificuldade para respirar e roxidão, e também podem apresentar sinais de pressão baixa. A intensidade dos sintomas e gravidade do quadro está diretamente ligada ao tamanho da comunicação entre os átrios direito e esquerdo, e à presença ou não de obstrução no trajeto das veias pulmonares.
O diagnóstico é feito através de ecocardiograma e a investigação pode ser ampliada com a realização de exames de imagem como a angiotomografia e o cateterismo cardíaco.
O tratamento é cirúrgico, com o objetivo de redirecionar as veias pulmonares para o átrio esquerdo, sem deixar qualquer tipo de obstrução nesse trajeto.
Com o aprimoramento do manuseio clínico e técnicas cirúrgicas modernas, o resultado da cirurgia costuma ser muito bom. Assim, é uma das cardiopatias que permitem boa recuperação se detectadas no momento certo, e tratadas em centros cardíacos especializados e capacitados.