A Origem Anômala da Coronária Esquerda do Tronco da Pulmonar ocorre quando a artéria coronária esquerda se origina da artéria pulmonar ao invés de sair da artéria aorta, que é a grande responsável por levar sangue rico em oxigênio para todo o corpo. 

Trata-se de mais uma doença congênita rara, que representa 0,4% dentre todas as cardiopatias. Pode constituir-se de um defeito isolado ou se apresentar associada a outras doenças congênitas.

No coração normal, a artéria coronária esquerda origina-se da aorta e fornece sangue oxigenado para o músculo do lado esquerdo do coração e para a valva mitral. Nesse mesmo coração normal, a artéria pulmonar é outro grande vaso que sai do ventrículo direito e carrega sangue pobre em oxigênio para o pulmão, onde esse sangue se enriquecerá com oxigênio para então voltar ao coração.

No caso dessa doença, o músculo do coração esquerdo e a valva mitral recebem sangue com baixa oxigenação vindo da artéria pulmonar, ao invés da artéria aorta, o que leva esse músculo a sofrimento (isquemia) e pode causar a morte muscular com o passar do tempo. Esse quadro resulta na perda de função do lado esquerdo do coração, com sua consequente dilatação. 

Outro fator de agravamento é um “roubo” de fluxo que ocorre, desviando o sangue da artéria coronária para o tronco da pulmonar, devido à diferença de pressão, o que leva a uma diminuição do fluxo sanguíneo para o músculo do coração e potencializa a falta de oxigenação cardíaca, prejudicando ainda mais esses tecidos.

O bebê com essa anomalia apresenta um quadro de muito cansaço, que dificulta a mamada, gera muitas pausas e resulta no baixo ganho de peso. Ele também pode apresentar inchaço no corpo. 

Na grande maioria das vezes, o cansaço excessivo levará o bebê ao médico que, por sua vez, buscará entender o quadro respiratório da criança por um raio X do tórax. Nesse exame, a descoberta de um “coração grande” indicará a suspeita de um problema como causa raiz desse cansaço. O diagnóstico nem sempre é fácil, mas pode ser feito pelo ecocardiograma. A angiotomografia de coração é o melhor exame para confirmação da doença.

O tratamento é cirúrgico e de grande importância, pois restaura a função do coração na maior parte dos casos. Existem várias técnicas cirúrgicas para a correção, que consistem em reimplantar a artéria coronária esquerda na aorta.

Ainda que seja uma cirurgia de risco elevado, ela é corretiva e possibilita a recuperação da função ventricular esquerda, proporcionando uma boa qualidade de vida e, via de regra, a recuperação total das funções do coração.