A Tetralogia de Fallot possui maior ocorrência no sexo masculino e consiste na apresentação de um defeito anatômico básico no coração, que causa as quatro alterações a seguir:
1 – comunicação interventricular;
2 – estenose pulmonar;
3 – posição anterior da aorta;
4 – hipertrofia do ventrículo direito.
Em geral, a doença se reconhece pela manifestação de cianose (coloração arroxeada na pele) após o sexto mês de vida, quando a criança se torna mais ativa. São bebês gordinhos e roxinhos, que ganham peso e não se cansam muito. Podem, entretanto, apresentar piora da cianose em caso de esforço, com crises de amolecimento, ou seja, aparência de desmaio no bebê, que chora bastante e parece apagar. É interessante notar que quando essa condição se apresenta em crianças maiores, elas costumam ficar de cócoras quando se cansam, para tentar se recuperar.
Até que seja possível realizar a cirurgia de tratamento da doença, é recomendado o uso de medicação para minimizar as crises de cianose. A anemia, que geralmente tem menos impacto em bebês cardiopatas, muitas vezes é prejudicial nos casos de T4F, podendo causar piora das crises, com indicação de reposição de ferro.
A correção cirúrgica total dos defeitos é indicada quando ocorre piora da cianose ou quando percebemos a presença de crises de cianose.
Em alguns casos mais graves, que ocorrem ainda no período neonatal e em que o risco da correção total é elevado, há indicação de uma Cirurgia Paliativa de Blalock Taussig alternativa, que consiste no desvio de sangue para o pulmão. Veja bem, o cirurgião e sua equipe definirão, no caso concreto, os benefícios da solução paliativa, bem como da definitiva. E nos casos em que a solução paliativa for adotada, após o ganho de peso da criança, ela será encaminhada para a correção total.
Esse procedimento deverá ser realizado em um centro de referência em cardiopatias congênitas pois, quanto melhor for o resultado, menor será o risco de reoperação a longo prazo.
O ponto crucial do tratamento será o sucesso da correção da estenose pulmonar e o grau de lesão residual que restará da cirurgia. Sempre teremos algum grau de imperfeição da solução, já que a valva pulmonar será aperfeiçoada, mas seguirá tendo algum aspecto da malformação originária.