Cardiopatias

TRANSPOSIÇÃO DAS GRANDES ARTÉRIAS

A Transposição das Grandes Artérias é uma doença que predomina no sexo masculino e tem maior incidência em filhos de mães diabéticas. O diagnóstico é feito no pré-natal por meio do ultrassom morfológico e, posteriormente, é confirmado pelo ecocardiograma fetal.

O diagnóstico pré-natal é muito importante, pois proporciona a realização do parto em um centro de cirurgia cardíaca infantil. Em geral, o bebê nasce grande, bem e descompensa após algumas horas de vida.

A doença consiste na troca dos vasos na saída do coração, de forma que a aorta, que deveria sair do ventrículo esquerdo sai do ventrículo direito, e a artéria pulmonar, que deveria sair do ventrículo direito, sai do ventrículo esquerdo. Assim, as circulações funcionam em paralelo, o que significa que o sangue sujo (pobre em oxigênio) fica circulando pelo corpo e o sangue limpo (oxigenado) fica circulando no pulmão, deixando o bebê cansado e roxinho mais ou menos doze horas após o nascimento.

A presença de uma comunicação entre as cavidades do coração, mais especificamente nos átrios, permite uma mistura do sangue sujo com o sangue limpo, o que ameniza essa situação. Quando a mistura acontece bem, a indicação é pela estabilização do bebê e a cirurgia é realizada posteriormente. Quando essa comunicação é pequena demais e o bebê está muito roxinho, antes mesmo da cirurgia de correção indicamos a abertura, por cateterismo, dessa comunicação entre os átrios.

A TGA é simples em 80% dos casos. Nos 20% demais, ela terá defeitos associados como comunicação interventricular, estenose pulmonar ou coarctação de aorta, que agravam o caso.

Tratamento

O tratamento para esta doença é cirúrgico e a principal técnica é a correção arterial, desenvolvida no Brasil pelo Dr. Adib Jatene, daí o nome Cirurgia de Jatene (nos EUA o nome é Arterial Switch), que consiste na troca dos vasos do coração.

Em algumas situações, nas quais a criança já está mais velha ou existem defeitos associados, essa técnica deixa de ser indicada, sendo feito apenas um procedimento paliativo, chamado de Cirurgia de Senning.

Ainda há os casos de obstrução na saída para o pulmão, em que adotamos outras técnicas corretivas como a cirurgia de Rastelli, com a colocação de um tubo. O tratamento dessa patologia também é possível através de uma cirurgia de translocação de tronco da pulmonar, idealizada pelo Professor Doutor José Pedro da Silva, sem colocação de tubo. Essa técnica vem sendo aplicada desde o ano 2000, com excelente resultado a longo prazo e baixa taxa de reoperação.